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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

 

Histórias de Paranapiacaba: Uma visita noturna ao cemitério

 

Em um dos acampamentos que fiz resolvemos dar umas voltas à noite.Passear à noite pela mata em Paranapiacaba sempre foi uma tarefa que se fazia em bando. Ninguém tinha coragem de andar por lá sozinho. Tínhamos aquele medo meio irracional, medo que sabe da inexistência de qualquer tipo de ameaça que não fosse de carne e osso. Assim mesmo as expedições noturnas só ocorriam com turmas de cinco, dez pessoas, daí para mais.

 

Tudo aconteceu em uma das noites em que resolvemos passear não nas matas, nas trilhas ou tomando banho de cachoeira sob a luz do luar. Foi uma volta que resolvemos dar pela própria vila de Paranapiacaba, no cemitério da região.O cemitério de Paranapiacaba é como qualquer outro que se pode encontrar em localidades pequenas. Lá tem moradores enterrados, claro, cada qual com sua história que, necessariamente, entrelaça-se com as histórias de outros moradores e com a história da própria região. O cemitério era assim quando o vimos de dia. Um cemitério e só.

 

À noite, porém, ele mergulhava em uma atmosfera sinistra, embora pacificante. As lápides gélidas faziam coro com nossas espinhas - mesma temperatura. Embora fôssemos um grupo composto por rapazes modernos, daquele tipo que não acredita em assombrações, sempre ficava aquela pontinha de desconfiança se realmente não haveria um par de olhos espreitando nossos movimentos.E assim caminhamos alguns minutos dentro do sagrado lugar de descanso para aqueles que já se foram.

 

O passeio terminou com um pulo pelo muro do cemitério. Lembrei daquela brincadeira que conheço como "mãe da mula", onde pulamos os colegas. Numa destas, na porta de casa, minha irmã quebrou um dente, coitada.Pois bem, na hora de se despedir das tumbas resolvemos picar a mula não pelo portão, mas pulando o muro que dá para a frente, próximo ao ponto de ônibus.

 

E, por mais curioso que possa parecer, o momento foi tenso. Ninguém admitiu, mas ninguém queria ficar para trás, mesmo porque já passava da meia-noite.Pulamos o muro, um a um, um, dois, três-quatro, cinco... seis... cena que não deve nada à thriller de Michael Jackson, tudo emoldurado pela neblina densa e pelas roupas pesadas e escuras muito comuns em acampamento.

 

Tenho pena do casal no fusquinha que saiu em disparada. Até hoje tenho a impressão que interrompemos alguma coisa importante. Em um dos acampamentos que fiz resolvemos dar umas voltas à noite.Passear à noite pela mata em Paranapiacaba sempre foi uma tarefa que se fazia em bando.

 

Ninguém tinha coragem de andar por lá sozinho. Tínhamos aquele medo meio irracional, medo que sabe da inexistência de qualquer tipo de ameaça que não fosse de carne e osso. Assim mesmo as expedições noturnas só ocorriam com turmas de cinco, dez pessoas, daí para mais.

 

Tudo aconteceu em uma das noites em que resolvemos passear não nas matas, nas trilhas ou tomando banho de cachoeira sob a luz do luar. Foi uma volta que resolvemos dar pela própria vila de Paranapiacaba, no cemitério da região.O cemitério de Paranapiacaba é como qualquer outro que se pode encontrar em localidades pequenas.

 

Lá tem moradores enterrados, claro, cada qual com sua história que, necessariamente, entrelaça-se com as histórias de outros moradores e com a história da própria região. O cemitério era assim quando o vimos de dia. Um cemitério e só. À noite, porém, ele mergulhava em uma atmosfera sinistra, embora pacificante. As lápides gélidas faziam coro com nossas espinhas - mesma temperatura.

 

Embora fôssemos um grupo composto por rapazes modernos, daquele tipo que não acredita em assombrações, sempre ficava aquela pontinha de desconfiança se realmente não haveria um par de olhos espreitando nossos movimentos.

 

E assim caminhamos alguns minutos dentro do sagrado lugar de descanso para aqueles que já se foram. O passeio terminou com um pulo pelo muro do cemitério. Lembrei daquela brincadeira que conheço como "mãe da mula", onde pulamos os colegas. Numa destas, na porta de casa, minha irmã quebrou um dente, coitada.

 

Pois bem, na hora de se despedir das tumbas resolvemos picar a mula não pelo portão, mas pulando o muro que dá para a frente, próximo ao ponto de ônibus. E, por mais curioso que possa parecer, o momento foi tenso. Ninguém admitiu, mas ninguém queria ficar para trás, mesmo porque já passava da meia-noite.

 

Pulamos o muro, um a um, um, dois, três-quatro, cinco... seis... cena que não deve nada à thriller de Michael Jackson, tudo emoldurado pela neblina densa e pelas roupas pesadas e escuras muito comuns em acampamento.

 

Tenho pena do casal no fusquinha que saiu em disparada. Até hoje tenho a impressão que interrompemos alguma coisa importante.

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