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1880 - O Cemitério dos Bexiguentos

 

Bexiguento: Indivíduo portador de muitas cicatrizes faciais provenientes do Mal de Bexigas ou Varíola. Esta doença infecto-contagiosa matou quase 500 milhões de pessoas só no século XX.Israel Cirlinas assim cita o Cemitério dos Bexiguentos em seu livro "Varíola - A Nossa Antiga AIDS": Exatamente na confluência das atuais ruas Guilherme Marconi, Dr. Erasmo e Dr., Alberto Benedetti, havia o "Cemitério dos Bexiguentos", que ficava anexo à capela de Santa Cruz.Trata-se de local bastante conhecido em Santo André, pois ali se localizam o Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama e a Casa da Esperança, além do Restaurante São João.Este cemitério acabou sendo desativado. A partir daí, nos casos de óbitos, os corpos eram sepultados em São Bernardo, no Cemitério Municipal (atual Cemitério de Vila Euclides). E isto valia também para os casos decorrentes de varíola. Não existia mais um cemitério específico para os "bexiguentos".Ouvi depoimentos de que na pequena capela anexa ao cemitério se mantinha "sempre lá uma vela acesa".Obs - O Cemitério da Saudade seria instalado em 1909.Há indícios que este desaparecido cemitério tenha sido reminiscente da Vila de Santo André quinhentista, ou seja, é possível que neste mesmo local, João Ramalho tenha sepultado os seus mortos. Algum dia, quem sabe, uma eventual escavação no local, poderá trazer à luz algum objeto quinhentista.A seguir, uma seqüência cronológica de fatos apontam a varíola na região no séc. XIX:1837 - Os casos de varíola já eram comuns e preocupantes na freguesia de São Bernardo; em 25/8, em pauta na sessão da Câmara Municipal de São Paulo, a necessidade de alguma medida para se evitar o terrível contágio das bexigas, que constava existirem na Estrada de Santos, Freguesia de São Bernardo. Em 29/7, em sessão extraordinária, o presidente da província respondia que foram dadas providências contra o "Mal de Bexigas", que grassava na Freguesia de São Bernardo.1888 - Neste ano observamos que o antigo "Cemitério dos Bexiguentos" já aparece com o nome de "Cemitério de Santo André". Os casos de óbito por varíola, vinham sendo sepultados neste cemitério há pelo menos 2 décadas. Dois casos de tais sepultamentos aparecem no livro de óbitos da paróquia de São Bernardo, assim descritos:"Aos 4 de agosto de 1888, no Cemitério de Santo André, foi sepultado o cadáver de Antonia Maria, brasileira, idade 30 anos, moléstia bexigas, solteira, falecida no lugar denominado Piay, envolta em branco e sua alma foi encomendada.""Aos 11 de agosto de 1888, João da Cruz, 15 anos, vitimado por bexigas, filho de José Vicente e Joaquina Maria, foi sepultado no Cemitério de Santo André."Fonte: livro "Varíola - A Nossa Antiga AIDS" de Israel Cirlinas1880 - O Cemitério dos BexiguentosBexiguento: Indivíduo portador de muitas cicatrizes faciais provenientes do Mal de Bexigas ou Varíola. Esta doença infecto-contagiosa matou quase 500 milhões de pessoas só no século XX.Israel Cirlinas assim cita o Cemitério dos Bexiguentos em seu livro "Varíola - A Nossa Antiga AIDS": Exatamente na confluência das atuais ruas Guilherme Marconi, Dr. Erasmo e Dr., Alberto Benedetti, havia o "Cemitério dos Bexiguentos", que ficava anexo à capela de Santa Cruz.Trata-se de local bastante conhecido em Santo André, pois ali se localizam o Hospital e Maternidade Dr. Christóvão da Gama e a Casa da Esperança, além do Restaurante São João.Este cemitério acabou sendo desativado. A partir daí, nos casos de óbitos, os corpos eram sepultados em São Bernardo, no Cemitério Municipal (atual Cemitério de Vila Euclides). E isto valia também para os casos decorrentes de varíola. Não existia mais um cemitério específico para os "bexiguentos".Ouvi depoimentos de que na pequena capela anexa ao cemitério se mantinha "sempre lá uma vela acesa".Obs - O Cemitério da Saudade seria instalado em 1909.Há indícios que este desaparecido cemitério tenha sido reminiscente da Vila de Santo André quinhentista, ou seja, é possível que neste mesmo local, João Ramalho tenha sepultado os seus mortos. Algum dia, quem sabe, uma eventual escavação no local, poderá trazer à luz algum objeto quinhentista.A seguir, uma seqüência cronológica de fatos apontam a varíola na região no séc. XIX:1837 - Os casos de varíola já eram comuns e preocupantes na freguesia de São Bernardo; em 25/8, em pauta na sessão da Câmara Municipal de São Paulo, a necessidade de alguma medida para se evitar o terrível contágio das bexigas, que constava existirem na Estrada de Santos, Freguesia de São Bernardo. Em 29/7, em sessão extraordinária, o presidente da província respondia que foram dadas providências contra o "Mal de Bexigas", que grassava na Freguesia de São Bernardo.1888 - Neste ano observamos que o antigo "Cemitério dos Bexiguentos" já aparece com o nome de "Cemitério de Santo André". Os casos de óbito por varíola, vinham sendo sepultados neste cemitério há pelo menos 2 décadas. Dois casos de tais sepultamentos aparecem no livro de óbitos da paróquia de São Bernardo, assim descritos:"Aos 4 de agosto de 1888, no Cemitério de Santo André, foi sepultado o cadáver de Antonia Maria, brasileira, idade 30 anos, moléstia bexigas, solteira, falecida no lugar denominado Piay, envolta em branco e sua alma foi encomendada.""Aos 11 de agosto de 1888, João da Cruz, 15 anos, vitimado por bexigas, filho de José Vicente e Joaquina Maria, foi sepultado no Cemitério de Santo André.

"Fonte: livro "Varíola - A Nossa Antiga AIDS" de Israel Cirlinas

 

 

 

 

 

 

 

                          CAPELA DO CEMITÉRIO DOS BEXIGUENTOS - HOJE LOCAL DA CASA DA ESPERANÇA

CURIOSIDADE

 

 

Em 1888, no dia 13 de maio, foi assinada a “Lei Áurea”, que dava total liberdade aos escravos, e no ano seguinte, no dia 15 de novembro de 1889, foi proclamada a República, tornando nosso país livre da monarquia portuguesa, o que veio dar maior ênfase na luta em prol da autonomia política e econômica do Brasil . Fonte: Bragança Jornal Diário

 

Segundo conversa com minha mãe ( 67 ), quando era pequena ia a um Cemitério dos bexiguentos com o pai. “ os túmulos eram todos baixos, caiados de branco e com uma cruz de cimento em pé.” Não dá para precisar se é o mesmo de 1888.

  

Varíola ou "bexigas"

“Cemitério dos Bexiguentos”

Por Aristan Fatal – Recanto das Letras

 

A palavra já não é das mais simpáticas. Segundo os dicionários, trata-se da denominação dada àqueles que contraíram varíola. Doença que foi causadora de uma famosa epidemia, no Brasil na transição dos séculos XIX e XX.Jorge Amado, em Tereza Batista Cansada de Guerra, escreveu:“Para o povo, porém, a bexiga de canudoEra uma espécie mais terrível, dita a mãe daBexiga, de todas as outras, da negra,Da branca, do alastrim, da varicela.”Por não ser conhecida sua origem e a possibilidade de sua transmissão, as pessoas que dela faleciam eram enterradas em cemitérios diferentes dos tradicionais existentes.Desse modo, em todas as cidades, vilas, lugarejos da época, era raro os locais onde não haviam os “cemitérios dos bexiguentos”.Não fugindo a regra, Santo André possuiu o seu perfeitamente localizável.Ficava onde hoje, esta a primeira unidade da Casa da Esperança, estabelecimento de saúde administrado pelo Rotary Club de Santo André.Rua Alberto Benedetti, bem em frente ao Hospital Cristóvão da Gama.Lembro-me inclusive, que nesse local existiu até os anos 50/60 do século passado uma capela, em homenagem a certa Nossa Senhora que não recordo qual.Volta e meia sou questionado sobre a existência dessa necrópole. Dias atrás, necessitando fazer umas compras, fui em um comércio situado na esquina da João Ramalho com a Guilherme Marconi, na Vila Assunção. Conversando com uma velha amiga do bairro sabedora da minha atividade de escritor, especializado em coisas antigas da cidade, fui interpelado pela moça do caixa do estabelecimento, que ouvindo o diálogo, perguntou:- É verdade que existiu em Santo André o cemitério dos bexiguentos? Onde fica?Prontamente respondi localizando a antiga necrópole, deixando-a espantada pela proximidade do mesmo onde estávamos a duas quadras dali.Que a localização causa determinado incomodo ao ser indicada, isso não resta a menor dúvida.Todavia não podemos fugir da verdade.

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