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Artigos sobre o assunto

02/11/2010 - ABCD Maior

 

FINADOS Orações, milagres e homenagens em Santo André

 

Por: Camila Galvez (camila@abcdmaior.com.br)

 

Túmulo da menina Vanilda atrai visitantes em busca de milagres. Foto: Amanda PerobelliCemitério da Vila Assunção abriga túmulos famosos, tais como o do ex-prefeito Celso Daniel e da milagreira VanildaHá quase mais vivos que mortos nos 22 mil m2 do Cemitério da Vila Assunção, em Santo André, nesta terça-feira de Finados (02/11). Crianças correm entre as 23 quadras, que abrigam mais de 3.596 jazigos perpétuos. Às 10h, o padre Pedro, da Igreja São José Operário, celebra uma das missas do dia, na qual reza pelos vivos e pelos mortos. Enquanto ouve a oração, uma filha zelosa protege o pai do sol leve com a folha da liturgia. O velhinho se apoia na bengala e em um dos túmulos, que acabam servindo de bancos para os mais cansados. O Cemitério da Vila Assunção, também conhecido como Cemitério da Saudade, nasceu Cemitério de São Lourenço em 17 de junho de 1909, quando Santo André ainda fazia parte da Vila de São Bernardo do Campo. O nome de batismo ganhou por conta de seu primeiro sepultado, o senhor Lourenço Franceschi. Só anos mais tarde se tornaria cemitério municipal. Apesar da movimentação do dia de Finados, o trabalho não cessa para quem vive da morte. José Adilson da Silva, sepultador há 15 anos, já tem dois enterros para fazer somente nesta manhã. “Não gosto quando o cemitério está cheio de gente. Temos que andar bem devagar com o caixão para não machucar ninguém, atrapalha o serviço”, avalia ele, que prefere o sossego dos mortos ao movimento dos vivos para executar seu trabalho. Silva me leva até o túmulo de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André assassinado em 18 de janeiro de 2002. Ali encontro a família Foroni, que faz uma prece ao ilustre morador do cemitério. Espontaneamente, Orlando Foroni diz: “Esse foi o melhor prefeito que o Brasil inteiro já teve”. Opa! Posso colocar isso no jornal, seu Foroni? “Claro que pode, filha, e eu repito pra você: ele foi o melhor prefeito, não só de Santo André, mas que esse país já viu”. Aos 66 anos, seu Foroni visita sogra e irmão no cemitério. “E o Celso Daniel também, todos os anos”, garante. Além do político, também estão enterrados no solo da Vila Assunção outras personalidades históricas, como o escravo Januário, o padre Capra e o aviador Natalino Carifi, além de uma das candidatas a santa do ABCD. Milagreira - No mesmo corredor do ex-prefeito está o túmulo da conhecida milagreira Vanilda Sanches Béber. Dou sorte e encontro com alguém que conhece bem sua história. O aposentado Nilson de Carvalho, 59 anos, cresceu ouvindo falar da menina santa. Quando se mudou para Santo André vindo de Piedade, no interior de São Paulo, aos sete anos, teve dificuldades na escola e repetiu de série. Dá graças a Vanilda por ter se recuperado no ano seguinte. “Minha professora trazia a gente aqui todo ano no Dia de Finados. A gente pegava uma pétala de rosa, pedia para a Vanilda abençoar e guardava no meio do caderno. Assim não repetia de ano”, relembra. Anos mais tarde, Carvalho conheceu a mãe da menina bailarina, que morreu aos 15 anos vítima de uma apendicite aguda. “Foi ela quem me deu três pedras abençoadas em Jerusalém que ela ganhou de uma família de Santo André, que foi agradecer lá os pedidos atendidos por Vanilda. Guardo comigo até hoje”, conta. E sempre que precisa, Carvalho recorre à sua fé na milagreira, não só no Dia de Finados, mas sempre que pode. “Venho umas quatro ou cinco vezes ao ano aqui prestar homenagens”, diz. Enquanto conversamos, crianças continuam correndo e adultos derramam suas lágrimas sobre túmulos coloridos por flores frescas em mais um dia de celebração aos mortos. Quando o sol se pôr, no entanto, o cemitério volta a ser só deles.

  

01/11/2009 - FINADOS - ABCD Maior

 

Cemitério expõe acervo histórico

 

Por: Paula Cristina (paula@abcdmaior.com.br)

 

Cemitério da Vila Euclides, em São Bernardo, está em processo de tombamento.  Visita neste Dia de Finados (02/11) também pode ser um passeio cultural e educativo O Dia de Finados (02/11) é, de acordo com a Igreja Católica, uma data para homenagear os mortos. Mas a visita aos cemitérios também pode ser um passeio cultural e educativo, pois muitos são verdadeiros museus a céu aberto. Em São Bernardo, o cemitério da Vila Euclides está em processo de tombamento. Os próprios moradores da região perceberam a importância de conservar o cemitério e pediram sua preservação, ainda em processo de oficialização. De acordo com a responsável pelo Serviço de Patrimônio Histórico da cidade, Doraci Maria Massini Sponchiato, a Prefeitura já realiza obras de preservação. “Foi realizado um estudo para que novas árvores fossem alocadas, que os jazigos mais antigos fossem preservados, para cultivar a história municipal.” O arquiteto e urbanista Flávio Mourão, especialista em arquitetura histórica e professor da PUC-SP, afirma que os cemitérios são, sim, grandes reveladores históricos e as prefeituras ainda não se deram conta do tesouro que têm em mãos. “O cemitério mostra características culturais de cada época, o que era moda em cada uma das gerações que foram enterradas ali. É importante manter vivo, por mais paradoxal que isso pareça, a história que ali reside. Deteriorar um cemitério é como apagar as poucas lembranças que temos de nossa cidade”, afirmou. A visitação no Dia de Finados, no entanto, pode ser um problema, na opinião do professor.“Não acho que seja preciso vetar a entrada em cemitérios históricos, nem restringir o acesso das pessoas, mas é necessário um trabalho amplo de conscientização. Em São Bernardo, por exemplo, está enterrada a primeira Tia Anastácia do Sítio do Pica Pau Amarelo. Seu jazigo deve ser muito bem cuidado, não por ser famosa, mas porque daqui a muitos anos isso fará parte da história do local, e será preciso contar às futuras gerações exatamente o que ela representou quando viva, no contexto.” Antonio Silva, desde 1980 coveiro do cemitério Sagrado Coração de Jesus, no Bairro Camilópolis, em Santo André, conta que viu o cemitério passar por diversas ações que descaracterizaram a história local. “Esse cemitério foi aberto em 1949. Mas as coisas já mudaram muito. As pessoas mexem muito nos jazigos, alguns não tomam cuidados e por isso o cemitério precisa de reformas que tiram as características antigas”, afirmou. Túmulos de ‘celebridades’ são os mais visitadosNo Dia de Finados, túmulos de “celebridades” recebem visitas de pessoas que nunca as conheceram. No ABCD, os mais procurados são os jazigos do ex-prefeito de São Bernardo Lauro Gomes de Almeida, falecido em 1964, do empresário Salvador Arena, e da atriz Jacyra de Almeida Sampaio, primeira Tia Anastácia do Sítio do Pica-Pau Amarelo, ambos falecidos em 1998 e enterrados no Cemitério da Vila Euclides, em São Bernardo. Em Santo André, o túmulo da jovem considerada santa por devotos, Vanilda Sanches Beber, falecida em 1958 aos 15 anos, é uma das figuras importantes sepultadas no Cemitério da Saudade, na Vila Assunção. À jovem, que faleceu grávida, são creditados mais de 200 milagres. As homenagens e lembranças deverão ter atenção especial para a jovem Eloá Pimentel, assassinada pelo namorado em novembro de 2008 e enterrada no cemitério Jardim Santo André. “As pessoas gostam de prestar homenagens, mesmo que não seja a parentes próximos. No caso da garota Eloá, por exemplo, há uma comoção pública por ser uma tragédia recente. No caso do empresário Salvador Arena, o túmulo é visitado pelo que representou historicamente”, afirmou Cristiane Leite Palmas, professora de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo. Também no cemitério da Vila Euclides, o monumento ao soldado desconhecido da Revolução de 1924 é bastante visitado. “É uma questão de honrar a história nacional”, analisa Doraci Maria Massini, do Serviço de Patrimônio Histórico da cidade. O jazigo é limpo e cuidado há 85 anos.

Publicado em quinta-feira, 3 de novembro de 2011 às 07:00

 

Milagreiros atraem fiéis em cemitérios

 

Maíra SanchesDo Diário do Grande ABC

 

Os cemitérios de Santo André e Mauá tiveram movimentação intensa durante todo o Dia de Finados. Desde as primeiras horas da manhã até o fim da tarde milhares de pessoas aproveitaram a data para fazer homenagem aos entes queridos, limpando mausoléus, rezando e colorindo-os com buquês de flores. A data também é referência para fiéis que acreditam em crenças populares e na existência de ‘santos milagreiros' no Grande ABC.Tratam-se de pessoas comuns que morreram há décadas, mas que simbolizam desde suas mortes referência religiosa aos devotos para pedidos de bênçãos e graças. A participação em missas também fez parte da programação dos visitantes.Em dois cemitérios de Santo André a procura por túmulos conhecidos é constante não apenas em datas como a de ontem, mas durante todo o ano. No Cemitério da Saudade, na Vila Assunção, todos os anos, devotos procuram os mesmos túmulos para rezar ou apenas menção de agradecimento. "Muitos já são conhecidos, vêm de outros Estados e acreditam nos milagres", disse o encarregado do cemitério, Evilázio Costa de Souza. O túmulo de Vanilda Sanches Beber, que morreu com 15 anos, em 1958, é um dos mais procurados no feriado. Os relatos começaram no sétimo dia após o falecimento, quando pessoas diziam ter sonhado com Vanilda e alcançado bênçãos. Religiosos atribuem a ela pelo menos 200 milagres, e o mausoléu comporta centenas de placas com recados, envolto em flores.A aposentada Ana Aparecida Manoel, 70, conheceu a adolescente e sua família. Ela relata que mesmo em vida a garota operava caridades. "Ela engravidou de um rapaz, que a agrediu na barriga, provocou a perda do bebê e mesmo assim o perdoou. Aprendeu línguas estrangeiras para ensinar aos pobres e costurava para eles. Tudo que se vê aqui é verdadeiro. Ela é abençoada." A aposentada relata que também foi atendida pela milagreira quando teve problemas de saúde.No Cemitério da Vila Pires, a atração é o cigano José Magalhães Coelho, conhecido como Zito, que tem fama de gozar de poderes milagrosos que unem casais e tratam de problemas conjugais.Em Mauá, no Cemitério da Vila Vitória, a movimentação foi intensa no túmulo do cônego Belisário Elias de Souza, que morreu em 10 de outubro e era o sacerdote mais antigo da Diocese de Santo André. Amigos e fiéis rezaram em voz alta em frente à sepultura da família.No Cemitério das Lágrimas, em São Caetano, diversos curiosos visitaram o túmulo do menino Davi Mota Nogueira, 10, que há dois meses se matou na Escola Municipal de Ensino Professora Alcina Dantas Feijão. Uma fotografia da criança foi colocada ontem no jazigo. Publicado em quinta-feira, 3 de novembro de 2011 às 07:00 Milagreiros atraem fiéis em cemitérios Maíra SanchesDo Diário do Grande ABC Os cemitérios de Santo André e Mauá tiveram movimentação intensa durante todo o Dia de Finados. Desde as primeiras horas da manhã até o fim da tarde milhares de pessoas aproveitaram a data para fazer homenagem aos entes queridos, limpando mausoléus, rezando e colorindo-os com buquês de flores. A data também é referência para fiéis que acreditam em crenças populares e na existência de ‘santos milagreiros' no Grande ABC.Tratam-se de pessoas comuns que morreram há décadas, mas que simbolizam desde suas mortes referência religiosa aos devotos para pedidos de bênçãos e graças. A participação em missas também fez parte da programação dos visitantes.Em dois cemitérios de Santo André a procura por túmulos conhecidos é constante não apenas em datas como a de ontem, mas durante todo o ano. No Cemitério da Saudade, na Vila Assunção, todos os anos, devotos procuram os mesmos túmulos para rezar ou apenas menção de agradecimento. "Muitos já são conhecidos, vêm de outros Estados e acreditam nos milagres", disse o encarregado do cemitério, Evilázio Costa de Souza. O túmulo de Vanilda Sanches Beber, que morreu com 15 anos, em 1958, é um dos mais procurados no feriado. Os relatos começaram no sétimo dia após o falecimento, quando pessoas diziam ter sonhado com Vanilda e alcançado bênçãos. Religiosos atribuem a ela pelo menos 200 milagres, e o mausoléu comporta centenas de placas com recados, envolto em flores.A aposentada Ana Aparecida Manoel, 70, conheceu a adolescente e sua família. Ela relata que mesmo em vida a garota operava caridades. "Ela engravidou de um rapaz, que a agrediu na barriga, provocou a perda do bebê e mesmo assim o perdoou. Aprendeu línguas estrangeiras para ensinar aos pobres e costurava para eles. Tudo que se vê aqui é verdadeiro. Ela é abençoada." A aposentada relata que também foi atendida pela milagreira quando teve problemas de saúde.No Cemitério da Vila Pires, a atração é o cigano José Magalhães Coelho, conhecido como Zito, que tem fama de gozar de poderes milagrosos que unem casais e tratam de problemas conjugais.Em Mauá, no Cemitério da Vila Vitória, a movimentação foi intensa no túmulo do cônego Belisário Elias de Souza, que morreu em 10 de outubro e era o sacerdote mais antigo da Diocese de Santo André. Amigos e fiéis rezaram em voz alta em frente à sepultura da família.No Cemitério das Lágrimas, em São Caetano, diversos curiosos visitaram o túmulo do menino Davi Mota Nogueira, 10, que há dois meses se matou na Escola Municipal de Ensino Professora Alcina Dantas Feijão. Uma fotografia da criança foi colocada ontem no jazigo.

Segunda-Feira, 13 de Janeiro de 2014

 

Setecidades Publicado em domingo, 3 de novembro de 2013 às 07:00

 

Santos e milagreiros são lembrados pela população

 

Caroline Ropero - Do Diário do Grande ABC

 

Familiares e amigos não são os únicos homenageados no Dia de Finados, celebrado ontem. Personagens considerados santos e milagreiros recebem muitas visitas, flores, velas e bilhetes no feriado.No cemitério da Vila Assunção, em Santo André, um dos túmulos mais visitados é o de Vanilda Sanches Bébér, que morreu aos 15 anos em 1958, e tem a lápide coberta por placas de agradecimento. “Venho todo ano. Já fiz muitos pedidos e todos foram realizados”, conta Maria Luzia Mascarenha, 58 anos, de Santo André. “Se você precisa de algo, é só vir aqui e pedir”, enfatiza.Vanilda ganhou fama de santa porque atuava entre as comunidades carentes da cidade. A aposentada Ana Maria Corá, 67, de Santo André, não conheceu a garota, mas acredita em seu poder. “Consegui o que queria, então prometi trazer flores todo ano.”Já na Vila Pires, em Santo André, o estudante de Medicina José Magalhães Coelho, chamado de Zito pelos amigos, também recebe muitas visitas desde sua morte em 1976, aos 25 anos. “Dizem que faz milagres. Sempre que venho visitar o túmulo do meu marido passo em frente ao do Zito, que morreu tão jovem”, diz Maria Felipe Batista, 83.O garoto também é chamado cigano porque usa faixa na cabeça e brinco na orelha na foto que colocaram em sua lápide. Acredita-se que o estudante tinha o poder de encontrar um amor para a pessoa que pedisse.Em São Caetano, no Cemitério do bairro Cerâmica, a santidade é representada por Neves Nascimento Ribeiro, conhecida como Santa das Neves, que morreu aos 11 anos, em 1948. “Antigamente as pessoas traziam brinquedos para o túmulo quando recebiam a graça”, conta Marli Teresa Machio, 65. Neste ano, havia apenas flores e pessoas que paravam em frente à foto da garota para fazer oração.NO CÉUNo Cemitério Parque Vale dos Pinheirais, no Jardim Primavera, em Mauá, os visitantes foram surpreendidos por uma revoada de 3.000 balões brancos em homenagens aos mortos, às 15h45. “Estou aqui pela minha irmã, que já se foi, e por vários conhecidos. É um momento muito emocionante. E essa visão (dos balões subindo ao céu) desperta muito mais emoção”, diz o aposentado Tiago Silvino da Costa, 67.Quem entrou no cemitério também foi confortado com músicas, ao vivo, de saxofone e violino. “Meu repertório é de canções suaves e que não desrespeitam o momento”, garante o saxofonista Donizeti Tadeu. A dona de casa Ineusa Assunção opinou que a música, além de confortar, estimula a saudade e tira a tristeza. (Colaborou Pedroe Sousa).

  
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